Foto: Marta Sofia Teixeira

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Macacos, leopardos, ursos, tigres e outros animais exóticos e selvagens em cativeiro estão a ser alvo de estudos pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) com vista à avaliação do seu grau de bem-estar nos espaços em que sobrevivem ou estão expostos.

Uma grande parte destes animais encontra-se em Zoos, que deixaram de estar centrados no público e no espetáculo, passando a estar focados na investigação científica, proteção das espécies e educação ambiental. Daí que em Portugal, um grande número de Parques Zoológicos (Jardins Zoológicos, Parques Biológicos, etc.) já tem protocolos firmados com a UTAD, recebendo alunos que aí vão fazer estágios de fim de licenciatura e trabalhos de mestrado e doutoramento. Para além disso, a UTAD através dos seus docentes e investigadores tem participado em trabalhos de investigação científica por forma a aumentar o conhecimento sobre este tipo de animais. Entre as parcerias com a UTAD são de salientar as com o Zoo da Maia, Zoo de Lourosa, Zoo de Santo Inácio, Parque Biológico de Gaia, existindo ainda colaborações pontuais com o Parque Biológico de Vinhais, Oceanário, Jardim Zoológico de Lisboa, Badoca Safari Park e Zoomarine.

Nos anos mais recentes, e só no Zoo da Maia, foram efetuados trabalhos que permitiram levar a cabo vários trabalhos finais de licenciatura em que foram estudados macacos (Macaco-verde, Chlorocebus aethiops), leopardos (Panthera pardus) e Lémures Preto-e-Branco de Colar (Varecia variegata). Esta parceria permitiu também a execução de trabalhos que possibilitaram a conclusão de dissertações de mestrado, tendo sido estudados ursos (Ursus arctus) e tigres (Panthera tigris). A própria Comissão Científica do Zoo da Maia é composta por dois docentes da UTAD, José Júlio Martins e José Manuel Almeida.

Segundo José Júlio Martins, um dos investigadores UTAD que coordena estes trabalhos, têm vindo a ser estudados “os comportamentos dos animais com intenção não só de os caracterizar, mas também, por comparação com aquilo que se sabe do seu comportamento natural, para avaliar acerca da forma como estão a exibir ou não os seus comportamentos característicos”. Esta informação – reconhece o mesmo investigador – “permite avaliar o seu grau de bem-estar, bem como obter informações que serão utilizadas para aferir da adequação do alojamento ao animal e propor medidas que tendam a melhorar o recinto ou a forma como o animal interage com este, por forma a, mais uma vez, melhorar o seu bem-estar”.

Nesta perspetiva, enquadra-se o trabalho com os tigres no Zoo da Maia, que conduziu ao mestrado de Marta Sofia Teixeira e que permitiu “recolher informação e propor alterações que pensámos irão diminuir a exibição de comportamentos indiciadores de mal-estar, tais como os comportamentos estereotipados, dos quais o mais relevante é o pacing, comportamento em que o animal se movimenta continuamente, num sentido e noutro, num trajeto mais ou menos curto”.