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Florestas nacionais em contexto pós-incendio são mote de reflexão na UTAD

Foto: Grupo

No âmbito da Semana de Ciência & Tecnologia 2017, teve lugar a 22 de novembro o primeiro encontro na UTAD, de reflexão sobre das florestas nacionais em contexto pós-incendio. Este encontro intitulado “O inverno está a chegar – primeira reflexão” pretendeu responder a uma série de questões tão importantes e emergentes face às tragédias vividas num passado ainda tão recente.

A iniciativa nasce no final de outubro, com os alunos e departamento de Engenharia Florestal da UTAD. A Academia transmontana confronta-se com a necessidade de um envolvimento efetivo da sociedade e dos técnicos florestais na discussão das florestas nacionais e no encontrar de soluções, face ao declínio continuado dos territórios florestais ao que acresce os grandes incêndios de 2017, e inicia o processo de desenho do programa. É um programa em aberto e em construção, porém já foram para o terreno dois episódios.

No primeiro episódio, foram levantadas questões fundamentais tais como –  Estaremos nós,  no presente a colher o que semeámos no passado, em relação às florestas?  Sem esquecer os trágicos incêndios deste ano – Serão os grandes incêndios florestais uma fatalidade, fora das soluções preconizadas pelo  conhecimento científico e técnico dos florestais?

Foram estas e muitas outras questões que a 1ª Reflexão abordou. O painel de convidados constituído pelo Silvicultor Fernando Mota, senador da Silvicultura nacional, com obra e pensamento no setor florestal deixou uma mensagem clara – “A floresta portuguesa está em sarilhos”. O arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos para o qual é “a paisagem é o referencial de análise, a preocupação terá que ser recentrada na análise económica das florestas”. O engenheiro florestal António Salgueiro, antigo aluno da UTAD, alertou para a falta de técnicos florestais e a necessidade de estes participarem no dispositivo nacional de prevenção e combate aos incêndios florestais. Já João Pinho, também engenheiro florestal (do ISA) e especialista na área do planeamento florestal do ICNF, fez uma análise diacrónica ao processo de desenvolvimento florestal, concluindo no perigo da procura da solução única. E por  último mas não menos importante o nosso aluno Rui Quaresma foi a voz do futuro da Engenharia Florestal.

Para a organização conclusão é “independentemente da solução, sem a participação e envolvimento da Engenharia Florestal, as florestas nacionais não sairão do sarilho em que estão metidas”.

Após o debate, moderado pelo jornalista da TSF, Afonso de Sousa” foi plantado um clone do Freixo de Duarte de Armas (Freixo de espada à cinta), na UTAD.

“O Inverno está a chegar – As primeiras chuvas de 2017 – ações pós-fogo”

O segundo episódio, ocorreu a, 25 de Novembro, em plena Serra do Alvão, mais concretamente nos Baldios da Freguesia de Alvadia, que são parceiros na organização deste evento. Historicamente estes baldios foram muito fustigados por grandes incêndios. Em Outubro de 2017, no incêndio da Serra do Alvão que lavrou sobre 1.900 ha, ardeu só em Alvadia uma extensão de 1.011ha, 35% da área total do baldio. Toda esta área tinha ardido na sua totalidade em 2010. O tempo de retorno verificado entre incêndios, de sete anos, é um período drasticamente insustentável para os solos e vegetação que ficam muito condicionados perante este ciclo do fogo.

Assim, no imediato, foi imperioso desenvolver ações de mitigação da erosão em situação pós-fogo nestes baldios, ao que acresce uma preocupação em recuperar o potencial natural das pastagens, que dão alimento ao grande motor económico da região, a criação de vaca Maronesa e a sua joia da coroa, a cabra Bravia.

Recorrendo à técnica de hidrossementeira, com o patrocínio da empresa MUSGO, e de outras técnicas de mitigação da erosão, foram instaladas parcelas permanentes para mitigar a erosão e recuperar espécies de flora com dificuldades de regeneração no pós-fogo, de forma a manter o potencial do pastoreio de caprinos.

Não perdendo o foco central da Engenharia Florestal que é a apologia pela gestão e ordenamento florestal, pela prevenção estrutural proactiva, tornando as florestas mais resilientes ao fogo – o técnico florestal assume a responsabilidade de gerir o pós-fogo, dando corpo a uma resposta reativa aos grandes incêndios que fatalmente têm ocorrido em Portugal.

Estão previstos novos episódios que estão a ser pensados pelos alunos e departamento de engenharia florestal da UTAD.