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Uma história com final feliz

Jovem abutre do Egipto perdeu-se na viagem…e a UTAD levou-o ao destino

Foi encontrado, neste verão, no concelho de Santa Maria da Feira, enfraquecido e desorientado, um abutre do Egipto, espécie com estatuto de conservação: em perigo. Ainda muito jovem, perdera-se ao iniciar a sua primeira migração, desviando-se dos corredores migratórios, parando numa zona onde não havia alimento e onde ficou debilitado e incapaz de prosseguir. Encontrada por populares e entregue ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, a ave foi entregue no Parque Biológico de Gaia (PBG), onde recebeu os primeiros cuidados e permaneceu até estar mais estável, sendo depois transferida para o Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) – Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), onde foi tratada e reabilitada.

Foram dois meses de tratamento, necessários para o jovem abutre recuperar peso e massa muscular, impermeabilizar as penas e ganhar capacidade de voo em treino nos túneis do Hospital Veterinário. Após os especialistas da UTAD o considerarem apto e saudável, houve que devolvê-lo à Natureza. Da colaboração existente não só com o PBG mas também com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e da articulação deste com as entidades espanholas (Consejera para la Transición Ecológica y Sostenibilidad da Junta da Extremadura), foi decidido transportar o abutre para um território mais quente, Acehuche, na zona de Cáceres, do sul de Espanha, a única área de inverno propícia á sobrevivência desta espécie na Europa.

“Se a soltássemos no norte de Portugal, ela não sobreviria, já que esta espécie costuma usar vários países nos seus voos migratórios conforme o clima e as necessidades exploratórias de alimento”, esclareceu Celso Santos, o professor da UTAD que se juntou à equipa do ICNF que conduziu a ave até à Extremadura de Espanha, onde se procedeu à sua libertação com a colaboração e participação de membros do governo regional e de representantes de ONG’s nacionais e espanholas afetas à conservação da Natureza.

Refira-se que, antes do seu lançamento, o abutre foi equipado com um GPS para monitorar os seus movimentos, garantindo que seguia um destino adequado e possibilitando métodos de estudo sobre os comportamentos da espécie. Da informação entretanto recolhida verificou-se que a ave, contrariamente ao que era esperado, não se acomodou com os outros coespecíficos no local de invernada estabelecido, mas foi em busca de melhor conforto térmico, viajando para o Norte de África. Num dos seus trajetos, fez, em duas horas e meia, mais de 200 quilómetros, sendo localizada já em Argel, o que significa ter conseguido uma velocidade média de 80 km/h.

 

Legenda da Foto: Abutre do Egipto recuperado pelo CRAS/UTAD

Foto: Celso Santos, UTAD