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Rodrigo Álvares, era natural de Vila Real e terá participado na impressão do primeiro livro em língua portuguesa. A obra, intitulada O Sacramental, foi impressa em Chaves, no ano de 1488 e teve quatro edições em Portugal, duas no século XV (Chaves, 1488; Braga, c. 1495) e duas no século XVI (Lisboa, 1502; Braga, 1539), sendo um dos livros, depois dos breviários e missais, com mais edições em Portugal naquela época.

O professor e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), José Barbosa Machado, tem desenvolvido intenso trabalho sobre os primeiros livros impressos em língua portuguesa, com destaque para O Sacramentale para o Tratado de Confissom, este último também impresso em Chaves, no ano de 1489.

Sobre o impressor Rodrigo Álvares, pouco ainda se sabe, para além de que terá aprendido com os castelhanos a arte de impressão que desenvolveu, primeiro em Chaves e mais tarde no Porto. Com o propósito de dar a conhecer esta figura pioneira da edição e da impressão em Portugal, José Barbosa Machado escreveu uma peça de teatro intitulada “O Impressor”, que será levada à cena, brevemente, pelos alunos da Universidade Sénior de Chaves.

A obra O Sacramental é uma compilação da doutrina cristã comentada. O seu objetivo era o de instruir o clero, reconhecendo que muitos sacerdotes incumbidos de “curar as almas” davam manifestas provas de ignorância para tal, em especial por “não saberem nem entenderem as escrituras que cada dia hão de ler”.

Contudo, não esteve isento de controvérsia este livro. Segundo o investigador da UTAD, “o Sacramental, em 1561, foi colocado no índice de livros proibidos, por ordem do inquisidor-mor, o Cardeal D. Henrique, curiosamente aquele que tinha, quando era arcebispo de Braga, mandado reimprimi-lo em 1539”.

Perguntar-se-á: porquê em Chaves este pioneirismo? José Machado considera que a escolha da cidade para a impressão destes livros explica-se pela sua proximidade da fronteira: “Do ponto de vista económico, era desvantajoso aos impressores castelhanos deslocaram-se a Braga ou Porto, devido ao mau estado das estradas, às distâncias significativas que teriam de percorrer e ao peso do material de oficina: as impressoras, os tipos em metal e o papel”.