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Tânia Roçadas, investigadora do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), está a realizar uma investigação de doutoramento que pretende criar um protocolo de rastreio precoce de Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem (PDL).

As PDL são alterações do desenvolvimento da linguagem associadas a causa desconhecida. Estudos já realizados estimam que, em idade pré-escolar, existe uma prevalência de PDL entre os três e os sete por cento.

Neste estudo, que está a ser desenvolvido com a Unidade de Dislexia da UTAD, estão em análise dois grupos de crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 6 anos, equiparados em termos de faixa etária, condição socioeconómica e sem problemas auditivos: um grupo de crianças com níveis normativos relativamente às competências da linguagem, e outro grupo com níveis considerados indicadores de PDL.

Até ao momento, foram testadas 107 crianças, em quatro jardins de infância do distrito de Vila Real e na Consulta de Desenvolvimento do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, através do protocolo de colaboração estabelecido no âmbito desta investigação.

Na avaliação foram usados dois testes padronizados que avaliam o desenvolvimento da linguagem, uma prova de capacidades cognitivas gerais não verbais, uma Prova de Repetição de Frases, desenhada para avaliar as competências gramaticais e uma Prova de Repetição de Palavras e Pseudopalavras. Os dados obtidos até à data revelam que as “crianças com Perturbação de Linguagem apresentam desempenhos muito abaixo dos das crianças com desenvolvimento normativo nas tarefas de repetição de frases”, explica a investigadora.

O “desenvolvimento adequado das capacidades de linguagem é crucial para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, afetivas e de interação social”, acrescenta Tânia Roçadas, sublinhando que as “PDL influenciam negativamente as trajetórias académicas, as interações sociais, o desenvolvimento profissional e o bem-estar individual”.

Por isso é crucial “detetar tão cedo, quanto possível numa idade que permita o diagnóstico, a presença dessas perturbações de modo a que estas crianças possam ter acesso a ajuda e a serviços especializados para colmatar e/ou atenuar os efeitos nefastos desta condição”, salienta Ana Paula Vale, diretora da Unidade de Dislexia da UTAD.

No final desta investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia por 48 meses, através do financiamento programático do CEL, os dados obtidos e a metodologia utilizada serão usados para a criação de um protocolo de rastreio, que possa vir a ser – espera a investigadora – utilizado para a deteção precoce de PDL em crianças em idade pré-escolar.

 

Foto: Direitos Reservados