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Estudantes da UTAD e Universidade do Perú estão a colaborar em projeto COIL

Cinco estudantes da licenciatura em Engenharia Civil da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estão a colaborar com 20 estudantes da Universidade de Piura, Peru, no desenvolvimento de cinco projetos para apresentação de soluções no âmbito da engenharia civil. Estes projetos estão integrados no programa Collaborative Online International Learning (COIL) que permite experiências de mobilidade virtual, ou seja, dinâmicas à distância em interação com instituições internacionais parceiras, e implicam uma parceria entre docentes de diferentes países, por forma a proporcionar aos estudantes a oportunidade de colaborarem em ambiente online.

Neste projeto COIL os estudantes da UTAD têm como responsabilidade planear a gestão do seu projeto, nomeadamente do tempo, das tarefas, da qualidade, dos riscos, da comunicação e da qualidade. Já os estudantes peruanos têm como responsabilidade executar a parte técnica dos projetos, nomeadamente habitações “Viviendas Miraflores”; um canal “Villa Sullana”; um “Centro Médico”; uma estrada “Calzada Catacaso” e uma casa “Villa California”.

Cada projeto corresponde a uma necessidade real que a equipa tem de estudar para apresentar uma solução no âmbito da engenharia civil, e está integrado, no caso dos estudantes peruanos, na unidade curricular Proyectos de Ingeniería Civil, com supervisão da docente Gabriela Chávez e, no caso dos estudantes da UTAD, na unidade curricular de Gestão de Empresas de Construção (3º ano da licenciatura em Engenharia Civil) sob a orientação da docente Caroline Dominguez.

“Esta colaboração tem sido extremamente desafiante para os alunos, desde formar equipas, ultrapassar barreiras do desfasamento de horários, do idioma, aprender em conjunto, e liderança”, explica a docente da UTAD tendo sido também um desafio “adaptar a unidade curricular a um modelo hibrido onde aprendi muito com a colega do Peru, além de novas ferramentas e formas de avaliação conjunta à distância”, acrescenta.

Para Gabriela Chávez Quiroga, docente da Universidade de Piura, esta experiência tem representado uma “oportunidade de enriquecimento da formação pessoal e profissional dos estudantes, que saíram da sua zona de conforto e ultrapassaram uma série de dificuldades, próprias do desenvolvimento de um projeto, com estudantes estrangeiros, além dos costumes e da barreira da língua.

Já os estudantes consideraram a experiência como “gratificante e enriquecedora” devido ao “trabalho conjunto”, tendo “representado uma oportunidade de enriquecimento da sua formação pessoal e profissional”.

As equipas já finalizaram os projetos tendo os mesmos sido defendidos publicamente com a presença dos diretores dos cursos, docentes da UTAD e da Universidade de Piura e assessores externos, tendo “evidenciado uma elevada qualidade de trabalho, quer na parte técnica como na de gestão”.

 

 

Legenda da foto: Momentos da defesa dos projetos

Testemunhos de estudantes peruanos e portugueses

 

Catarina Campos (Portugal)

“Esta experiência permitiu-me desenvolver as minhas capacidades, alargar o meu leque de conhecimentos bem como fortalecer a minha pronúncia espanhola. Creio que foi uma experiência saudável, a partir do momento que houve compreensão. Este projeto permitiu ainda conhecer novas pessoas, as diferentes formas de trabalho, organização e liderança. Pessoalmente, para a minha vida profissional levo a capacidade de gerir e organizar um projeto, conseguir ter a agilidade de organizar as tarefas de modo a obter um trabalho estruturado.”

Daniela Araújo (Portugal): 

“Ao fim deste projeto, a nivel profissional levo muito conhecimento na área da gestão de projeto e a nivel pessoal levo uma experiência incrível com pessoas de uma cultura diferente da minha que partilharam conhecimentos comigo e ajudaram- me em tudo durante a realização deste projeto.”

Mirelle Agurto (Peru)

“Pessoalmente, achei gratificante e enriquecedor, conheci a Daniela, que é aluna da UTAD e ela me falou um pouco da sua cultura, estabeleci uma boa relação com os meus outros colegas. Profissionalmente, aprendi como é o processo que deveria ser seguido para a realização de uma tese, quais aspectos devem ser considerados e principalmente a importância que temos como profissionais para gerar propostas que proporcionem uma melhor qualidade de vida aos nossos cidadãos.”

Henry Molina (Peru)

“Este projecto deixou várias experiências, pessoalmente permitiu conhecer um pouco sobre outras culturas devido ao trabalho conjunto com a Universidade da UTAD e no local de trabalho serviu de muita experiência para o planeamento de obras. Este projeto ajudou a complementar os conhecimentos adquiridos na universidade, pelo facto de, devido à pandemia, vários dos membros não poderem realizar estágios pré-profissionais.”

Leydi Cabrejos (Peru)

“Uma das dificuldades foi trabalhar em equipe, devido aos diferentes tipos de cronogramas que tínhamos, para isso decidimos discutir em grupo e chegar a um acordo, em um momento em que todos pudéssemos ver o andamento do projeto.”

Paloma  (Portugal)

“Hoje sinto que tenho a capacidade de aplicar e aconselhar uma equipe na gestão de um projeto. Como agir no caso de não atingir os resultados marcados e tentar reverter a situação. No plano pessoal, aprendi a relativizar situações que me pareciam difíceis ou que me via incapaz de superar. Estou feliz por ter compartilhado essa experiência com pessoas que estão longe de mim, mas com as quais me senti muito à vontade. A nível profissional, você aprende a se relacionar cordialmente com os colegas. Agora sabemos como se faz um projeto, todas as áreas que devem ser levadas em consideração e que estão indiretamente envolvidas.”

Christian Rodríguez (Peru)

“O passo mais importante foi demonstrar empatia com os membros da equipe, pois cada um apresentava uma situação diferente, no que diz respeito ao seu ambiente de trabalho, familiar e acadêmico.”

Alejandra Chininin (Peru)

 

Além de tudo o que aprendemos como grupo, a experiência intercultural permitiu-nos alargar os nossos horizontes e apaixonar-nos pela cultura portuguesa, os seus castelos místicos, a sua geografia, a sua arquitectura e sobretudo a simpatia dos seus representantes, fez de Portugal um dos nossos próximos destinos turísticos a visitar .​

Carlos Mota (Portugal)

“A nível profissional, a experiência adquirida foi proveitosa ao executar (com a ajuda dos colegas) o plano de projecto e monitorizá-lo. Ocorreu-me que em projetos futuros terei uma ideia mais clara de como planejá-los e monitorá-los. Também tenho a experiência linguística, resgatando-a como uma experiência positiva nestes termos, pois ao final do projeto podíamos nos comunicar muito fluentemente em espanhol, língua na qual não tinha muitas habilidades no início. A nível pessoal, tenho um maior conhecimento da cultura peruana; Peru, um país de gente adorável, cultura e tradições maravilhosas que gostaria de visitar um dia.”

Gabriela Ojeda (Peru)

“Ao nível do conhecimento, tenho agora uma ideia abrangente e completa sobre a gestão de projectos, bem como a realização do projecto de instalações sanitárias numa casa. Além disso, desenvolvi e apliquei habilidades de liderança de equipe. Por fim, tive uma incrível experiência intercultural entre as duas universidades (UTAD e UDEP), o que me deixa muito feliz, já que um bom trabalho em equipe foi estabelecido apesar do idioma e a diferença de horários que existe entre os dois países.”

Diogo Faria (Portugal)

“A possibilidade de fazer parte de uma equipe internacional não é mais um tabu.”

 

Gabriela Chávez Quiroga  Docente Universidade de Piura:

“Para os alunos de ambas as instituições, a experiência tem representado uma oportunidade de enriquecimento da sua formação pessoal e profissional, uma vez que saíram da sua zona de conforto, por não trabalharem com os seus colegas habituais e tendo que ultrapassar uma série de dificuldades próprias de desenvolver um projecto com estudantes estrangeiros de costumes, de outra língua e época. O processo de adaptação de cada equipe foi progressivo e ao longo do tempo eles demonstraram capacidade de se consolidarem como um grupo em busca de objetivos comuns. Percebi um grande contraste entre como se sentiram no início do curso e como se sentiram no final. Todos começaram com algum medo e curiosidade e no final do curso se sentiram satisfeitos com os resultados, ganharam autoconfiança. Complementaram seus conhecimentos, descobriram outras ferramentas para o trabalho em equipe, criaram novos laços de amizade e até melhoraram suas habilidades de comunicação, aprendendo ou fortalecendo seus conhecimentos de uma língua estrangeira. Ao nível do ensino, para implementar um curso COIL o maior desafio é fazer dois cursos convergirem num trabalho comum, dada a natureza da disciplina que tanto a minha colega Caroline Dominguez como eu trabalhamos individualmente. Agradeço imensamente o apoio da minha colega ao longo do desenvolvimento do curso. Do meu ponto de vista, a chave para os cursos COIL é muita comunicação e flexibilidade”