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UTAD: agente ativo na mitigação da pandemia

As vacinas contra a COVID-19 foram a face mais visível da importância da Ciência no combate à pandemia desencadeada pelo SARS-CoV-2, mas há todo um trabalho de bastidores que ficou na sombra. Por isso, neste Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, recuperamos o tributo feminino da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), desde a testagem à certificação de um biossensor para a deteção do vírus.

Filomena Adega, Paula Martins-Lopes e Raquel Chaves, professoras da área da genética, têm sido as traves-mestras do Centro de Testagem COVID-19 da UTAD, que regista já mais de 70 mil testes PCR realizados.

Desde o primeiro momento que estas mulheres se voluntariaram para ajudar a combater o vírus que, em 2020, paralisou o mundo. Em pleno confinamento, entraram em contacto com o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e conseguiram estabelecer o primeiro protocolo para fazerem as análises na UTAD. Estava lançada, assim, a matriz do Centro de Testagem COVID-19 da UTAD. O trabalho destas investigadoras mereceu até um telefonema da Ministra da Saúde, Marta Temido, para se inteirar das necessidades logísticas para se avançar com o Centro de Testagem COVID-19 da UTAD, que arrancou a 4 de maio de 2020.

Nesses primeiros tempos, a jornada de trabalho de Filomena Adega, Paula Martins-Lopes e Raquel Chaves chegava a começar às 6h e terminava à 1h, com pausas rápidas para satisfazer necessidades básicas. Protegidas pelos equipamentos de proteção individual (máscaras, fatos, toucas, luvas e óculos), suportavam a temperatura de 40° do laboratório. Em apenas um dia, chegaram a analisar mais de 500 amostras.

A intensidade do trabalho científico condicionou as suas vidas pessoais e familiares. Por isso, durante mais de um ano abdicaram das suas férias, faltaram às épocas festivas e adiaram os compromissos sociais em nome dessa causa maior à qual se dedicaram de corpo e alma – o combate à pandemia que já causou mais de 20 mil mortes em Portugal.

 

Um biossensor revolucionário

A par do trabalho de análise laboratorial, as investigadoras dedicaram-se ao Projeto Cdots Biosensing COVID19, que culminou no desenvolvimento de um biossensor inovador.

“Surge como uma resposta mais célere e economicamente mais vantajosa na identificação de SARS-CoV 2, sem nunca perder a especificidade e a fiabilidade requerida num sistema de deteção do agente causal do COVID-19”, sublinha Paula Martins-Lopes.

Graças à sua tecnologia inovadora, este biossensor é de baixo custo e permite detetar a presença do vírus em amostras biológicas de forma célere(entre 7 a 10 minutos), sem a necessidade de intervenção de um profissional especializado.

Distinguido com o prémio Manuel António da Mota, o Cdots Biosensing COVID19 está na reta final do processo de certificação europeia, ao qual se seguirá a comercialização.

 

Texto: Patrícia Posse