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Pela primeira vez, uma empresa do setor agrícola estabelece um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para apoiar a formação de dois estudantes que frequentem o programa doutoral internacional “AgriChains – Cadeias de Produção Agrícola”.

Assinado recentemente entre a UTAD e a NUFARM Portugal, este protocolo de cooperação prevê o financiamento de duas bolsas de doutoramento e a possibilidade de os doutorandos usufruírem das infraestruturas da NUFARM, quer em território nacional, quer no estrangeiro, para desenvolvimento de novos produtos.

“Além de funcionar como uma via de atração de alunos para o doutoramento AgriChains, esta parceria com uma empresa de referência do setor pode potenciar o desenvolvimento de estudos em áreas estratégicas da NUFARM, com uma forte componente de inovação e investigação aplicada na área das ciências agronómicas”, sublinha Henrique Trindade, diretor do programa doutoral.

A proteção de culturas agrícolas está “em revolução” com o desenvolvimento de novas soluções (muitas vezes, de natureza biológica). É esse processo que poderá sedimentar a relação entre a academia transmontana e o tecido empresarial. “Os trabalhos que venham a ser propostos serão decididos de acordo com os interesses da NUFARM, a motivação dos estudantes e a capacidade de orientação dos docentes da UTAD. A título de exemplo, poderão incidir em aspetos como a avaliação da eficácia de novas substâncias, dos seus mecanismos de ação sobre os agentes patogénicos, dos mecanismos de defesa que desencadeiem nas plantas ou o seu impacto em outros organismos e meio ambiente”, refere Henrique Trindade.

Setor do vinho segue na ‘peugada’

Também a Adega Cooperativa de Favaios decidiu apostar na formação de dois estudantes que pretendam inscrever-se no programa “AgriChains – Cadeias de Produção Agrícola”. O protocolo de cooperação científica e tecnológica entre a Adega de Favaios e a UTAD prevê a atribuição de duas bolsas (durante o período máximo de quatro anos).

O desenvolvimento de um portefólio inovador científico e tecnológico na área da vinha e do vinho é o pré-requisito para os estudantes que pretendam candidatar-se a estas bolsas. Além da possibilidade de completar a componente teórica de investigação com experiências práticas associadas ao setor empresarial, os bolseiros vão poder contribuir para a transição digital e ecológica da vinha, com o envolvimento de associados da Adega de Favaios.

As bolsas vão abrir para o ano letivo 2022/23 e a seleção dos candidatos considerará a avaliação do currículo académico e da formação científica (experiência profissional em projetos de investigação, publicações e apresentações científicas), atendendo aos critérios da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Esta primeira fase de candidaturas termina a 25 de junho, a que se seguirá uma outra, entre 19 de julho e 3 de setembro.

 

AgriChains, uma formação internacional

O programa doutoral “Agrichains: Cadeias de Produção Agrícola: da mesa ao campo” conta com quase 60 estudantes inscritos desde a sua primeira edição. Angola, China, Colômbia, Croácia, Índia, Tunísia e Portugal têm sido as nacionalidades representadas.

Com esta oferta de 3º ciclo, a UTAD procura dotar os alunos de conhecimentos e competências que lhes permitam desenvolver cadeias de produção sustentáveis e melhorar a qualidade dos alimentos.

Desde 2014, foram 19 os alunos que concluíram o doutoramento “Agrichains” e a maioria trabalha em investigação em Entidades Não Empresariais do Sistema de I&I (ENESII). Um grupo mais reduzido desempenha funções de consultadoria ou atividades de investigação em empresas. No caso dos oriundos de países estrangeiros, há pelo menos dois doutorados “Agrichains” que estão em Portugal como investigadores em entidades de ENESII. Esta formação de 3º ciclo da UTAD promove um ambiente multidisciplinar em que os estudantes têm, obrigatoriamente, que participar em diversas atividades, ou seja, não se focam apenas na sua atividade de investigação sobre um tema muito específico. “Estas atividades complementares permitem que os estudantes tenham uma visão mais abrangente de ambientes de investigação, o que tem constituído uma vantagem quando, no final do doutoramento, ingressam no mercado de trabalho”, afirma Henrique Trindade.

Com uma duração de quatro anos, este doutoramento inclui um programa de mobilidade pelas quatro universidades parceiras – UTAD e Universidade do Minho em Portugal, Universidade de Wageningen, na Holanda, e a Universidade Politécnica de Valência, em Espanha.

Texto: Patrícia Posse