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Geralmente abordada como preocupação em ambientes escolares, a prática de bullying constitui também motivo de preocupação em outros ambientes, como sejam os lares de idosos institucionalizados. Esta é a conclusão de um estudo realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), no âmbito do mestrado em Serviço Social.

O estudo, desenvolvido pela jovem investigadora Ana Catarina Reis, sob a orientação de José Luís D’Almeida, docente da UTAD e diretor do mestrado em Serviço Social, teve como tema “Bullying em Contexto Institucional de Pessoas Idosas” e incidiu sobre experiências em vários lares de idosos no concelho de Viseu.

Os resultados mais evidentes da investigação indicam que “as práticas de bullying entre pessoas idosas institucionalizadas surgem frequentemente, e os agressores, por norma, são pessoas que apresentam superiores capacidades intelectuais e saúde psíquica e física, enquanto as vítimas possuem geralmente patologias do foro psíquico”. Constatou-se também que os comportamentos de bullying são mais frequentemente nos espaços comuns e com maior incidência no inverno e na época de Natal.

Dois tipos de práticas são realçados neste estudo: a agressão verbal (com percentagem de 100%) e a agressão física (33%). A agressão verbal ocorre em diferentes situações envolvendo insultos, comentários desagradáveis, criticar, chamar determinados nomes, gozar e discriminar. Estas situações, – refere a autora do estudo – “possuem uma incidência considerável entre as pessoas idosas institucionalizadas e acontecem quando os agressores não compreendem e não toleram as patologias dos colegas, quando se sentem provocados pelas vítimas, ou quando não aceitam as suas histórias passadas”. No que toca às agressões físicas, de menor incidência, são de vários tipos, como “empurrar, dar bengaladas, bater, e podem ocorrer em diversas situações, em que o agressor pode estar num quadro de demência, ou o agressor não possuir qualquer tipo de perturbações mentais”.

No que diz respeito às testemunhas destes atos, apurou a investigação, “são geralmente as auxiliares e as assistentes sociais das instituições que, perante atos agressivos, intervêm imediatamente, de modo a que tais comportamentos sejam eliminados e seja possível reestruturar um ambiente pacífico e acolhedor. Para tal, optam por dialogar com os intervenientes, separando os envolvidos e/ou retirar um dos elementos do espaço em que se encontra. E quando os atos de bullying surgem na presença das colaboradoras, posteriormente comunicam o sucedido à assistente social da estrutura”. Outras testemunhas, – refere também o estudo – “são ainda os residentes que observam estes comportamentos e que geralmente não intervêm, para não sofrerem represálias e para não serem as próximas vítimas”.

Segundo a jovem investigadora, este estudo “permitiu constatar que é imprescindível investir em estratégias de prevenção, de intervenção e de correção que desincentivem comportamentos de bullying entre pessoas idosas institucionalizadas”.