1

UTAD colabora na nova edição do ‘Livro Vermelho dos Mamíferos’

É lançado hoje o “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental”, que inclui um capítulo dedicado aos quirópteros (vulgarmente conhecidos como morcegos) e que contou com a colaboração de uma equipa de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Das 25 espécies avaliadas, o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii) está criticamente em perigo. A obra é apresentada hoje, às 17h30, em Lisboa, numa sessão onde estará presente o Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.

A equipa do Laboratório de Ecologia Fluvial e Terrestre (LEFT), integrado no Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) e no Centro de Inovação e Desenvolvimento (CIDE), liderou o consórcio para a monitorização do descritor quirópteros. Das 25 espécies que foram avaliadas, foi atribuída a categoria de Criticamente em Perigo (CR) ao morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). “Esta espécie encontra-se numa situação muito crítica em Portugal, sendo a sua população muito reduzida e estimando-se que possa declinar 80% nas próximas duas décadas. Há outras três espécies (12%) que estão classificadas como Em Perigo (EN): morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi) e morcego-lanudo (Myotis emarginatus)”, salienta o investigador do CITAB, João Alexandre Cabral, também coeditor desta obra.

Volvidos 18 anos deste a última edição, o “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental” apresenta 14 novas espécies descritas para Portugal Continental, o que perfaz um total de 108 espécies referenciadas.  “Das 14 novas espécies descritas pela primeira vez, foram avaliadas cinco espécies com um conhecimento muito recente no País – uma da ordem Rodentia e quatro da ordem Cetacea. O rato-das-neves (Chionomys nivalis) é a primeira destas com uma ocorrência restrita ao nordeste do País e uma tendência populacional ainda desconhecida”, esclarece João Cabral. Este roedor de longos bigodes, de tons pardos e com patas posteriores muito desenvolvidas, habita regiões montanhosas e foi encontrado, pela primeira vez, em 2014, no Parque Natural de Montesinho (Bragança), e a primeira ocorrência confirmada desta espécie em Portugal foi descrita pela equipa do LEFT-UTAD em 2016.

 

Sobre o “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental”

Esta obra contempla o estudo de 108 espécies, incluídas em sete ordens taxonómicas (Eulipotyphla, Chiroptera, Lagomorpha, Rodentia, Cetacea, Carnivora e Artiodactyla), e ainda o risco de extinção das espécies. “A informação compilada torna este Livro uma ferramenta importantíssima para o trabalho futuro de agências governamentais, instituições académicas, associações de defesa do ambiente, empresas de natureza diversa, estudantes e cidadãos interessados no património natural. Será um livro de consulta obrigatória para, por exemplo, elaborar planos de ordenamento e gestão de áreas protegidas, planear projetos de investigação sobre mamíferos, estabelecer medidas agroambientais, avaliar impactos ambientais, programar projetos de conservação de ecossistemas e espécies ameaçados, bem como apoiar decisores públicos em processos de tomada de decisão”, sublinha o investigador do CITAB.

Pela primeira vez, “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental” atribui à maioria das espécies uma das categorias de ameaça, com base nos critérios e procedimentos indicados pela “International Union for Conservation of Nature” (UICN), bem como avaliar o estado de conservação das suas populações. “Em geral, verifica-se um agravamento na percentagem de espécies com estatuto de ameaça nas categorias Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU), Quase Ameaçado (NT) entre a última avaliação (em 2005) e a presente avaliação (22,8% vs. 29,7%), o que pode resultar de um maior conhecimento sobre a biologia e ecologia das diferentes espécies, mas também de uma efetiva degradação da qualidade ambiental dos habitats adequados para a manutenção de populações estáveis”, alerta o investigador João Cabral.

Texto: Patrícia Posse