João Alexandre Ferreira Abel dos Santos Cabral é alfacinha de gema, natural de Benfica (Lisboa), embora sportinguista (não praticante). Toda a sua formação académica [Licenciatura em Biologia (Ramo Cientifico) em 1992, Mestrado em Ecologia Animal em 1995, Doutoramento em Biologia (especialidade em Ecologia) em 2000] decorreu na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. No entanto, foi na UTAD que quis fazer a sua carreira profissional, que iniciou como docente no Departamento de Biologia e Ambiente da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente da UTAD em 1998. Hoje é Professor Associado com Agregação desde 2007

Reconhecido como biólogo/ecólogo, os seus interesses científicos estão nos Estudos sobre Integridade Ecológica, Medidas de Compensação e de Conservação da Biodiversidade, Monitorização Ecológica e Modelação Ecológica em contextos de alterações ambientais (climáticas, do território e infraestruturais). É membro eleito e Vice-Presidente do Conselho Científico da Escola das Ciências Da Vida e do Ambiente da UTAD; Coordenador Científico do Laboratório de Ecologia Aplicada da UTAD (www.lea.web.pt) que fundou em 2001. Leciona várias unidades curriculares na área da Ecologia Geral, Ecologia Aplicada e Engenharia do Ambiente em Cursos de 1º, 2º e 3º Ciclos. Orientação ou Coorientação com sucesso de 29 estágios de licenciatura, 26 Mestrados, 6 Doutoramentos (2 em curso) e 2 pós-Doutoramentos.

Relevante é também a sua produção científica, em especial, enquanto investigador integrado do Centro de Investigação e Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas (CITAB). Tem mais de 80 artigos científicos publicados, sobretudo em revistas internacionais com referee (Scientific Citation Index), 16 capítulos de livros, 2 patentes e mais de 140 comunicações em congressos. Coordenou mais de 70 projetos financiados de prestação de serviços especializados à comunidade, envolvendo mais de 25 entidades/parceiros diferentes, no domínio da monitorização ecológica face a impactes infraestruturais (parques eólicos, barragens e estruturas lineares) com especial destaque para o estudo das componentes Fauna (mamíferos incluindo morcegos, aves, répteis, anfíbios e macroinvertebrados) e Habitats terrestres. Estes projetos têm complementado o financiamento da investigação científica produzida pois revertem com bases de dados muito relevantes, designadamente para modelação e previsão de tendências ecológicas em cenários futuros de alteração dos usos do solo, impactes antropogénicos cumulativos e/ou induzidos pelas alterações climáticas.

Com João Cabral a UTAD acontece.

De que mais gosta e de que menos gosta na UTAD?

Gosto muito do Campus da UTAD com a sua vocação multifacetada, quer como espaço verde de eleição quer como Jardim Botânico. O que mais me entristece é a falta de civismo que ainda grassa entre os utentes do Campus da UTAD com uma injustificada quantidade de lixo que compromete diariamente este nosso “cartão-de-visita”.

Uma ideia para uma UTAD melhor

Mobilizar as pessoas que trabalham na UTAD, reconhecendo a competência e potencial das que fazem o seu melhor em prol da Marca UTAD mas também resgatando as mais desmotivadas para serviços, ensino, investigação, extensão e gestão cada vez melhores e mais eficientes.

De que mais gosta e de que menos gosta em Vila Real?

Aprecio muito a qualidade de vida que uma cidade pequena proporciona. Em contraste, do ponto de vista urbanístico, Vila Real cresceu e cresce atabalhoadamente, hipotecando muitas das mais-valias de uma localização privilegiada num vale magnífico.

Como prefere passar os tempos livres?

Quando posso gosto de “escapar” para junto do mar, talvez por ter crescido nesse ambiente que me parece sempre mais descontraído e propício ao convívio. Quando não posso, em vila Real trepo a montanha em BTT!

Um livro / escritor preferido

Naturalmente entre outros contemporâneos, de língua portuguesa o Pepetela (ex.: “A Gloriosa Família”) e de língua estrangeira o Gabriel Garcia Marquez (ex.: “Cem Anos de Solidão”) e o David Lodge (ex.: “Um Almoço nunca é de Graça”)

Uma música/músico preferido

Entre outras, a “Pedra Filosofal” cantada pelo Manuel Freire não deixa de me emocionar sempre que a oiço. No universo anglo-saxónico a “Bohemian Rhapsody” dos Queen não deixa de me arrepiar (sobretudo com o som nivelado em conformidade).

Um filme preferido

Entre outros, e por razões diferentes, marcaram-me muito os filmes “Once Upon a Time in America“ de Sergio Leone, com uma banda sonora divinal, e o filme “Dead Poets Society” de Peter Weir, pelos valores da amizade e solidariedade em contexto académico.

Um pintor de eleição

Entre outros, gosto muito da obra do pintor amarantino Amadeo de Souza-Cardoso.

Personagem histórica favorita.

Pelas consequências e motivação desapegada de interesses oportunistas, o herói Salgueiro Maia.

Um prato preferido

Gosto dos sabores da cozinha portuguesa em geral, mas algo simples como um bom peixe fresco de mar, grelhado e acompanhado por uma boa batata cozida e salada tradicional (com o tomate a saber a tomate), tudo regado com bom azeite e limão aromático, enche-me as medidas!

Uma viagem de sonho

Das concretizadas, uma semana no Kruger National Park, em plena savana na África do Sul!

Um objetivo de vida

Continuar a ser feliz, motivado e com saúde para usufruir na plenitude da companhia dos que mais amo e estimo.

O seu melhor projeto profissional

A participação, enquanto aluno de doutoramento da Universidade de Coimbra, no projeto LIFE 98/NAT (B4-3200/98/506), financiado pela União Europeia, com a designação “Projeto Porphyrio – Reintrodução do Caimão no Baixo Mondego”, que melhorou o habitat e devolveu uma espécie de ave aquática, o Caimão ou Camão (Porphyrio porphyrio), a grande parte do território nacional no qual estava localmente extinta há décadas.

Qual o traço principal do seu carácter?

Empreendedor

O seu pior defeito?

Obcecado com a lista de “pendentes” na senda da utopia da “tarefa cumprida” e do usufruto do descanso sempre adiado (a resposta a este questionário não é exceção…).

Qual o dia mais feliz da sua vida?

Parece um chavão, mas foram claramente os dias dos nascimentos dos meus dois filhos, que tive a felicidade de acompanhar em ambos os casos (embora com a sensação de ser o único inútil naquele “teatro de operações”…).

Qual a sua máxima preferida?

“Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”, embora com uma fatura cada vez mais penosa à medida que o tempo passa…

Qual a sua flor preferida?

As efémeras papoilas, pela delicadeza e fragilidade, mas também pelo poder de marcar a paisagem de uma forma que não deixa ninguém indiferente.

Que animal mais simpatia lhe merece?

Talvez com alguma infantilidade (mas também pelo estatuto de conservação muito preocupante), os grandes carnívoros africanos: leões, mabecos, leopardos e chitas. A nível nacional, o mal-amado mas muito ameaçado Lobo-ibérico!

Que qualidade(s) mais aprecia no ser humano?

Camaradagem, superação e altruísmo.

Um projeto por concretizar

Algo que seja verdadeiramente consequente para a conservação de uma espécie emblemática para a nossa equipa, a Gralha-de-bico-vermelho, que está em declínio acelerado no território nacional. Numa vertente mais prosaica, conseguir terminar um álbum de banda desenhada…